messages.Volume 2025
Editorial
Anna Tereza Miranda Soares de Moura
Obesidade e Sobrepeso
Clarisse Pereira Dias Drumond Fortes
Febre de origem obscura na pediatria: unindo tradição clínica e inovação diagnóstica
Patricia Fernandes Barreto M. Costa
Insuficiência adrenal pós-infecção por covid-19 em escolar
Ana Beatriz Charantola-Beloni; Ana Clara Charantola-Beloni; Mariana Sanches-Peres; Flávio de-Jesus-Júnior; Mila Pontes-Ramos-Cunha; Fábio Roberto Amar
INTRODUÇÃO: A pandemia pelo Sars-Cov-2 mostrou uma nova modalidade de doença que ainda é pouco conhecida e cujo mecanismo fisiopatológico é pouco elucidado. O acometimento do trato respiratório é o mais notório, porém outros sistemas também são afetados. O relato explora as consequências ao sistema endocrinológico em escolar com diagnóstico prévio de Covid-19 com evolução para insuficiência adrenal primária.
OBJETIVO: Relatar insuficiência adrenal em escolar com infecção prévia por Covid-19.
DISCUSSÃO DO CASO: Menino, 8 anos, com vômitos, desidratação e queda do estado geral, sendo este o segundo episódio em 2 meses, com infecção pelo vírus Sars-Cov-2 um mês antes do primeiro episódio. Internado para investigação clínica com resultados de exames: aldosterona 0.97 pg/ml, Na+ 124 mEq/L, T4L 1.61 mUI/L, TSH 9.22 mUI/L, cortisol basal das 8 horas: 4.7ug/dl, anti-TG <0.9, anti-TPO <0.25, ACTH 1250 pg/dl, definindo o diagnóstico de insuficiência adrenal primária. Iniciou-se hidrocortisona intravenosa para tratamento com melhora sintomatológica, permitindo alta hospitalar e seguimento ambulatorial.
CONCLUSÃO: Ainda pouco se sabe sobre a infecção pelo Sars-Cov-2, porém são de fundamental importância o estudo e o relato de suas consequências em diversos sistemas do corpo humano.
Colecistite alitiásica por dengue em criança: relato de caso
Ana Beatriz Bozzini; Priscila Basilio; Carolina Soares; Amanda Llobregat
INTRODUÇÃO: A dengue, doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, exibe uma ampla variedade clínica, desde casos assintomáticos até quadros graves. O diagnóstico é estabelecido por meio de testes virológicos e sorológicos, sendo crucial diferenciá-la de outras doenças febris. A colecistite alitiásica emerge como uma manifestação atípica, porém associada a viroses como a dengue. A presença de dor abdominal e icterícia em pacientes com dengue deve suscitar investigação para colecistite alitiásica, e a ultrassonografia abdominal é um método útil para complementar o diagnóstico. O tratamento tende a ser conservador, mantendo intervenções cirúrgicas reservadas para complicações graves, uma vez sendo, habitualmente, autolimitada.
OBJETIVO: Destacar a importância da investigação da infecção por dengue em pacientes com colecistite alitiásica, cuja apresentação clínica envolva febre, exantema cutâneo, icterícia e alterações laboratoriais que podem sobrepor-se aos sintomas e achados comuns da colecistite.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente sexo masculino, 4 anos de idade, com quadro clínico de exantema maculopapular, febre, icterícia, colúria e acolia fecal. Foi realizada ultrassonografia abdominal, a qual não apresentava imagem de cálculos. Foram realizados testes sorológicos que evidenciaram pesquisa de IgM e PCR para dengue positivos. Paciente apresentou melhora clínica e laboratorial durante a internação apenas em tratamento clínico.
DISCUSSÃO: A colecistite alitiásica é uma manifestação atípica de dengue, normalmente autolimitada, que deve ser pesquisada em todos os pacientes que tenham apresentação clínica com dor abdominal, febre, exantema cutâneo e icterícia e a conduta mais adequada restringe-se ao tratamento de suporte, sendo a cirurgia reservada às complicações.
Diabetes mellitus como teratógeno causando síndrome de regressão caudal
Wallace William da Silva Meireles; Rosicler Pereira de Gois; Vitor Lucas Lopes Braga,; Erlane Marques Ribeiro
INTRODUÇÃO: A síndrome da regressão caudal (SRC), também denominada sequência de displasia caudal, síndrome de regressão sacral ou agenesia sacral, abrange um grupo de malformações congênitas raras que afetam principalmente a medula espinhal e as vértebras, mas também os sistemas urinário e genital e as extremidades inferiores. A hiperglicemia é o teratógeno mais comumente envolvido na SRC, por provável produção aumentada de radicais livres a partir do influxo de glicose nas células sobrepondo-se à capacidade enzimática imatura de neutralizar este excesso, afetando a capacidade de transcrição.
DESCRIÇÃO: Lactente de 2 meses, masculino, atendido no Ambulatório de Genética, encaminhado do serviço de ortopedia, por pés tortos congênitos e mancha em dorso. O paciente era filho de pais não consanguíneos, sendo o terceiro filho de mãe de 25 anos de idade. A mãe, G3P3A0, tinha diabetes tipo 2. No pré-natal foi feita insulina NPH durante toda a gestação, mas o controle glicêmico foi irregular. Os membros inferiores mostravam tamanho reduzido, espasticidade leve a moderada e reflexos presentes. O desenvolvimento neurológico se mostrava adequado para a idade. O estudo radiológico após o nascimento mostrou ausência de osso sacral. A ressonância magnética de coluna lombossacra mostrou agenesia de sacro e cone medular pequeno, sem mielomeningocele.
DISCUSSÃO: O caso que relatamos é compatível com SRC decorrente do diabetes materno não controlado durante a gravidez.
Banda amniótica craniofacial isolada: relato de caso
Felix Alexander Ponce Mendoza; Rafael Dell Castillo Villalba; Maria Dolores Salgado Quintães; Israel Figueiredo Jr.
INTRODUÇÃO: A síndrome da banda amniótica é uma desordem congênita rara causada pelo aprisionamento de partes fetais por bandas amnióticas fibrosas no útero.
OBJETIVO: Descrever o caso de um recém-nascido (RN) com hipoplasia óssea bifrontal secundária a banda amniótica.
DESCRIÇÃO DO CASO: RN a termo, masculino, com boa vitalidade na sala de parto, apresentou malformação craniofacial, confirmada em tomografia computadorizada. Evolui de forma satisfatória com tratamento tópico do local da malformação e com quatro dias de vida recebeu alta para acompanhamento ambulatorial. Retornou 10 dias depois à emergência com quadro de febre e irritabilidade, sendo diagnosticada meningite e sepse, necessitando de ventilação mecânica e antibioticoterapia. Após nova internação 17 dias depois devido a hidrocefalia obstrutiva, foi tratado com cisternostomia endoscópica de alívio. Aos cinco anos de idade, apresentou bom desenvolvimento psicomotor e com cicatriz cirúrgica da reconstrução evoluindo adequadamente.
DISCUSSÃO: É necessário descartar anomalias congênitas cranianas no pré-natal, com a finalidade de se optar de forma mais apropriada pela via de parto e com isto diminuir os riscos ao RN. Esse caso mostrou que quando a banda amniótica craniofacial fica restrita ao osso craniano, o prognóstico neurológico pode ser próximo da normalidade.
Otite média aguda complicada com mastoidite: relato de caso
Johanna Olivieri Barcellos Stockinger,; Giulia Marcolino da Matta,; Isadora Faver de Souza,
A otite média aguda (OMA) é definida como um processo inflamatório da orelha média, com características, evolução e tratamentos clínicos diversos. Na maioria dos casos, está associada à infecção viral ou bacteriana de vias aéreas superiores, sendo muito associada à população infantil. O objetivo foi relatar o caso de um escolar, de 5 anos, com histórico de OMA de repetição, que evoluiu com mastoidite e abcesso auricular. As informações foram obtidas por meio da revisão do prontuário, entrevista com os pais do paciente, registro fotográfico dos métodos diagnósticos a que o paciente foi submetido e sua evolução clínica, a partir de um consentimento informado aos familiares, a partir da assinatura de um termo (TCLE) que garante privacidade, confidencialidade, inclusão e representatividade ao paciente e seus responsáveis. Além disso, os participantes têm direito de desvinculação e saída de sua participação, sem penalização. O caso relatado e publicações levantadas trazem à luz a discussão da terapêutica e manejo de pacientes com essa condição clínica atreladas aos principais fatores de risco, a fim de possibilitar melhora da qualidade de vida e abordagem correta do paciente.
messages.Palavras-chave: Otite Média. Antibacteriano. Mastoidite. Epidemiologia descritiva. Pediatria. Periostite.Síndrome de Wolf-Hirschhorn: um relato de caso
Ana Luíza Nardelli-Kühl; Samantha Lopes; Simone Cristina Padilha Stadnick,
A síndrome de Wolf-Hirschhorn (SWH) é causada por uma deleção genética do braço curto do cromossomo 4 (4p16.3). Possui incidência de 1:50.000 nascidos vivos e acometimento na proporção de 2:1 entre mulheres e homens. A extensão da deleção cromossômica determina as variações fenotípicas, que podem envolver alterações craniofaciais, crises epilépticas, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, microcefalia, hipotonia e malformações de múltiplos sistemas, principalmente o cardíaco. Este estudo irá descrever um caso de SWH em uma criança, feminina, diagnosticada por meio do estudo genético de microarranjo de DNA. Dentre as manifestações da anomalia genética, a criança apresentou o sinal craniofacial típico, crises convulsivas parciais e generalizadas, atraso grave do desenvolvimento neuropsicomotor, microcefalia, hipotonia, defeito do nervo óptico, pé caído, malformação do aparelho cardiovascular e dificuldade para ganho de peso. O diagnóstico precoce da SWH é essencial para delinear um plano terapêutico estratégico e personalizado, alcançando melhor prognóstico e qualidade de vida do paciente e familiares. Neste caso, o plano terapêutico multiprofissional permitiu um seguimento assertivo e individualizado.
messages.Palavras-chave: Anormalidades Congênitas. Transtornos Cromossômicos. Síndrome de Wolf-Hirschhorn. Relato de Casos.SEQUESTRO BRONCOPULMONAR INFRADIAFRAGMÁTICO EM RECÉM-NASCIDO PREMATURO: RELATO DE CASO
Mariana Fabrini Gomes; Gabriel Gamba Pioner; Janaina Cruciani Soldateli
SÍNDROME HEMOLÍTICA URÊMICA ATÍPICA PÓS-ESTAFILOCÓCICA: RELATO DE CASO PEDIÁTRICO EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO
Isadora Ceregatti Correia; Samantha Lopes; Marlou Cristine Ferreira Dalri
CETOACIDOSE DIABÉTICA EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 E O IMPACTO DA INTERRUPÇÃO DA INSULINOTERAPIA: UM RELATO DE CASO
Luiza Costa Percia; Maria Luisa da Costa Batista; Sabrina Correa Ferreira
PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA ASSOCIADA A ESTENOSE DE CANAL AUDITIVO INTERNO: RELATO DE CASO EM PACIENTE PEDIÁTRICO
Thalia Almeida da-Silva; Isaías Sobral Soares; Brenda Klemm Arci Mattos de Freitas Alves; Stella de Aparecida Ederli Pinto dos Santos
TUMOR CONGÊNITO DE MEDIASTINO: UM RELATO DE CASO
Júlia Venturi de Souza; Simone Cristina Padilha Stadinick; Luis Claudio Hobus; Samantha Cristine Lopes; Eduardo Garcia Carvalho; Maria Eduarda Sborz; Yasmin Minatti; Danton Capistrano Ferreira; Ana Luíza Nardelli-Kühl
SÍNDROME DE ANGELMAN - UMA CAUSA GENÉTICA DE AUSÊNCIA DE LINGUAGEM E ATAXIA NA INFÂNCIA - RELATO DE CASO
Gleyson da Cruz Pinto; Suely Rodrigues dos-Santos
Tetrassomia 9p: relato de caso de lactente com evolução favorável
Anna Jamylle Dias Borges Leal; Carlos Henrique Paiva Grangeiro
Broncoscopia pediátrica: revisão da literatura de 1970 a 2022
Adriana Alvarez Arantes; Maria de Fátima Bazhuni Pombo Sant'Anna; Clemax Couto Sant´Anna
OBJETIVO: A broncoscopia é um procedimento invasivo, com aplicações terapêuticas e diagnósticas bem estabelecidas na literatura médica. O desenvolvimento dos broncoscópios flexíveis de menor calibre favoreceu a disseminação do método em pediatria a partir da década de 70 do século passado, ocupando, a partir de então, espaço cada vez maior na pneumologia pediátrica. O objetivo deste artigo é revisar a utilização da broncoscopia em pediatria, as indicações mais prevalentes, dados demográficos, relevância clínica e possíveis complicações.
FONTE DE DADOS: Trata-se de revisão narrativa de artigos publicados nos últimos 52 anos. Foram selecionados 24 artigos, utilizando a base de dados BVSalud, tendo como palavras-chave "pediatric and bronchoscopy".
SÍNTESE DOS DADOS: Observou-se um número crescente de publicações relatando a experiência em broncoscopia pediátrica por diversos grupos em vários países. O broncoscópio flexível é cada vez mais utilizado. As indicações mais prevalentes variaram em cada centro, sendo o estridor, atelectasia, pneumonia recorrente/persistente, suspeita de corpo estranho, a sibilância torácica e tosse crônica as indicações mais comuns. As complicações relatadas com maior frequência durante o procedimento foram a hipoxemia transitória, laringo e broncoespasmo e, após o procedimento, tosse e febre.
CONCLUSÃO: A broncoscopia tem-se consagrado como um método útil e seguro em pediatria.
Leite materno: um alimento probiótico
Gabriela Ricci Meneguetti; Bruna Almeida Silva; Mariella Vieira Pereira Leão
INTRODUÇÃO: Sabe-se que o leite materno é o alimento essencial ao recém-nascido até, pelo menos, seus seis meses de vida. Dentre outras substâncias, o leite materno apresenta microrganismos, que quando presentes em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do bebê.
OBJETIVOS: Correlacionar a presença de microrganismos no leite materno com os benefícios à saúde do recém-nascido/lactente, atribuindo características probióticas a esse alimento.
METODOLOGIA: Assim, o presente trabalho revisou a literatura, selecionando trabalhos disponíveis na plataforma PubMed que explorassem a composição e os benefícios desse alimento, bem como suas propriedades probióticas. Síntese de dados: Observou-se que os gêneros de bactérias Lactobacillus e Bifidobacterium, amplamente conhecidos como probióticos, são encontrados no leite materno, e que a composição do leite influencia suas presenças. A composição, por sua vez, pode ser influenciada pelo estilo de vida materno, incluindo a incidência de psicopatologias como depressão, ansiedade e estresse.
CONCLUSÃO: Concluiu-se que, incontestavelmente, o leite materno pode ser considerado um alimento probiótico, com a vantagem do fácil acesso e nenhum custo, tornando-se a melhor alternativa para nutrir e promover a saúde do recém-nascido.
Perfil epidemiológico de pacientes com excesso de peso atendidos no ambulatório de um hospital público de Joinville e sua distribuição por bairros
Talita Anilda Ebeling; Suely Keiko Kohara
INTRODUÇÃO: A obesidade infantil é um estado multifatorial associado como ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, ortopédicas, distúrbios metabólicos, câncer e sofrimento psicológico. O sobrepeso e obesidade são mais comuns em crianças que vivem na pobreza ou em comunidades de baixa renda.
OBJETIVO: Este artigo tem como objetivo abordar o perfil epidemiológico de pacientes com excesso de peso atendidos em um hospital público de Joinville, bem como sua distribuição por bairros, relacionando-os com o perfil demográfico socioeconômico.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal retrospectivo de revisão de prontuários de pacientes com diagnóstico de obesidade exógena atendidos entre janeiro de 2012 a julho de 2019 no Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica de um hospital público de Joinville, Santa Catarina, Brasil.
RESULTADOS: Observou-se alta prevalência de hipertensão sistólica, hiperinsulinismo e hipertrigliceridemia, porém poucos pacientes tinham valores compatíveis com intolerância à glicose e apenas um paciente apresentou diabetes mellitus. Não se observou correlação de maior número de pacientes nos bairros de menor renda.
CONCLUSÃO: O estudo demonstrou o aparecimento precoce das complicações da obesidade na infância, porém sem mostrar correlação de maior número de pacientes nos bairros de menor renda.
O desafio da escolarização de crianças com hidrocefalia congênita submetidas à derivação ventrículo-peritoneal
Mayze Pereira Dalcol Freire; José Roberto Tude Melo
INTRODUÇÃO: A hidrocefalia congênita é uma doença com repercussões sociais, podendo coexistir com problemas neurológicos motores ou cognitivos, que dificultam a inclusão escolar dessas crianças.
OBJETIVO: Identificar a prevalência de ingresso escolar de crianças portadoras de hidrocefalia congênita submetidas a cirurgia para derivação ventrículo-peritoneal.
MÉTODOS: Estudo de corte transversal por meio da revisão consecutiva de prontuários médicos de crianças portadoras de hidrocefalia congênita submetidas a cirurgia para derivação ventrículo-peritoneal entre setembro de 2009 e setembro de 2012, com acesso escolar confirmado pelos pais ou responsáveis durante o acompanhamento ambulatorial de 4 anos após a cirurgia.
RESULTADOS: Foram incluídas na análise 92 crianças, com média de idade de 9 meses (± 13,42 meses) na ocasião do implante da derivação ventrículo-peritoneal. Em 43% houve confirmação parental de matrícula escolar, identificada durante o período de seguimento ambulatorial. A maior prevalência de admissão escolar foi verificada em crianças procedentes da capital do estado (65 vs. 25%; p = 0.0001) e naquelas que não apresentaram complicações após a cirurgia (34 vs. 10%).
CONCLUSÕES: Considerando a área geográfica estudada, o ingresso escolar de crianças portadoras de derivação ventrículo-peritoneal foi abaixo do observado na população geral, sobretudo naquelas procedentes do interior do estado da Bahia.
Descrição epidemiológica de pacientes com febre de origem obscura em hospital pediátrico do Brasil
Juliano Fockink Guimarães; Emanuela Rocha Carvalho,
INTRODUÇÃO: A febre é a queixa mais frequente em serviços de emergências pediátricas, e a febre de origem obscura (FOO) segue como desafio clínico, sem definição universalmente aceita para a pediatria.
OBJETIVOS: descrever o perfil clínico e epidemiológico de crianças internadas para investigação de FOO.
MÉTODOS: foram descritas internações para investigação de FOO em hospital pediátrico terciário de Florianópolis no período de janeiro de 2017 a novembro de 2020. Para tal, utilizou-se pesquisa observacional e descritiva com coleta retrospectiva de dados em prontuário eletrônico de internações sob o CID B34.9 que preenchessem os critérios: febre igual ou superior a 38,0°C, frequência minimamente diária e duração de oito dias ou mais e dúvida quanto a etiologia causadora da febre no momento da internação. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do hospital de origem (CAAE: 41512820.9.000).
RESULTADOS: dos 66 prontuários analisados, 21 preencheram tais critérios. Não houve conclusão diagnóstica em 11 casos (52,4%) e os grupos de doenças diagnosticadas foram as infectocontagiosas (28,6%), reumatológicas (14,3%) e neoplásicas (4,8%).
CONCLUSÕES: neste trabalho, a FOO ocorreu predominantemente em meninos pré-escolares, com duração prolongada e temperatura axilar superior a 39,0 °C. Em mais da metade dos casos não houve esclarecimento do diagnóstico, entretanto os resultados obtidos ressaltam a importância de investigar, especialmente, causas infecciosas, reumatológicas e neoplásicas nestes pacientes.
Leitos hospitalares e profissionais de saúde associados a morbimortalidade por doenças respiratórias agudas da população pediátrica brasileira, 2009-2021
Tatiana da Silva Oliveira Mariano; Emil Kupek
OBJETIVO: Analisar a razão das taxas de incidência (RTI) sobre casos notificados como síndrome respiratória aguda grave, hospitalização e mortalidade por doenças respiratórias agudas em menores de 15 anos de idade no Brasil de 2009 a 2021, segundo a disponibilidade de leitos hospitalares e dos profissionais de saúde.
MÉTODOS: Estudo ecológico utilizando dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe, Hospitalares do SUS, Mortalidade, e Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, agregados ao nível de estados do Brasil, com data do evento entre 1º de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2021. Para cálculo da RTI, utilizou-se regressão binomial negativa.
RESULTADOS: No Brasil, houve redução na taxa de leitos de enfermaria no período de estudo. No período 2010-2019, nos anos 2020 e 2021, o aumento na taxa de pediatras e leitos de enfermaria foi associado à redução de mortalidade. Houve redução no risco de hospitalização a cada aumento de uma unidade na taxa de leitos de UCI/UTI adulto. Associação com acréscimo de hospitalização a cada aumento de UCI/UTI pediátrica.
CONCLUSÃO: Evidenciou-se redução nas taxas de leitos de enfermaria e menos pediatras e médicos nas regiões Norte e Nordeste. A associação entre aumento de leitos de enfermaria e pediatras na redução de mortalidade ratificou que a assistência especializada reduz morte. A redução de hospitalização com mais leitos de UCI/UTI adulto se justificaria pela redução de leitos que foram remanejados para população adulta/idosa. Crianças e adolescentes chegaram com quadros mais graves necessitando de leitos de UCI/UTI.
Série histórica e características clínico-epidemiológicas de casos notificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave de pacientes pediátricos no Brasil, 2009-2021
Tatiana da Silva Oliveira Mariano; Emil Kupek
OBJETIVO: Analisar série histórica e variáveis clínico-epidemiológicas de casos notificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em brasileiros menores de 15 anos de idade de 2009 a 2021.
MÉTODO: Estudo ecológico utilizando dados das Fichas de Notificação de SRAG disponíveis no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe com data dos primeiros sintomas de 2009 a 2021. Para análise das variáveis, categorizou-se em anos pandêmicos (2009, 2020 e 2021) e período não pandêmico (2010 a 2019).
RESULTADOS: Menores de cinco anos de idade apresentaram maior taxa e percentual de casos. Na categoria anos pandêmicos, pré-escolares apresentaram maiores percentuais de casos notificados e recém-nascidos os maiores percentuais de letalidade; enquanto no período não pandêmico, foi lactente pós-neonatal com maior percentual de casos e adolescente com maior letalidade. Tanto Região Sudeste quanto Nordeste evidenciaram aumento progressivo de percentuais durante o estudo. As taxas em todas as faixas etárias analisadas apresentaram-se elevadas e em ascensão a partir de fevereiro de 2020, com destaque para as duas ondas de Covid-19, enquanto a letalidade permaneceu reduzida.
CONCLUSÃO: Apesar de pré-escolares terem sido mais notificados em anos pandêmicos, quem morreu mais nesses anos foram recém-nascidos. Para as Regiões Sudeste e Nordeste, o aumento pode refletir melhor qualidade nas notificações, como também maior barreira no acesso aos serviços de saúde, resultando no indivíduo chegando com maior gravidade em pronto-atendimentos. Em 2020 e 2021, houve elevação contínua da taxa de casos notificados como SRAG nas faixas etárias pediátricas, não acompanhada por aumento da letalidade.
Saúde auditiva infantil: estudo de dados da triagem auditiva em serviço de referência
Márcia Salgado Machado; Adriana Laybauer Silveira Unchalo; Cassandra Caye Anschau; Débora Ruttke von-Saltiél; Denise Saute Kochhann; Karine da Rosa Pereira; Adriane Ribeiro Teixeira,
INTRODUÇÃO: Sabe-se que os programas de saúde auditiva materno-infantil apresentam inúmeros desafios na tentativa de garantir a intervenção precoce para crianças com deficiência auditiva e, portanto, torna-se essencial analisar os resultados observados nas suas diferentes etapas.
OBJETIVO: Analisar dados da etapa de triagem auditiva neonatal de um serviço de referência do sul do país.
MÉTODOS: Trata-se da análise de dados secundários da triagem auditiva neonatal realizada em um serviço de referência em saúde auditiva no período de janeiro de 2018 a abril de 2020. Foram analisadas as seguintes variáveis: sexo do neonato, presença de indicador de risco para a deficiência auditiva infantil, local, método e resultado da triagem auditiva neonatal (passa/falha).
RESULTADOS: Dos 4.128 neonatos incluídos no estudo, 3.568 (86,4%) passaram e 560 (13,6%) falharam na triagem. A técnica mais utilizada foi o teste de emissões otoacústicas evocadas transientes, bem como a unidade de internação obstétrica foi o local de maior prevalência para realização da triagem. Observou-se maior prevalência de falha em bebês com indicadores de risco para deficiência auditiva. Os neonatos do sexo feminino apresentaram redução na prevalência de falha na triagem auditiva neonatal.
CONCLUSÕES: Os dados analisados estão de acordo com a literatura vigente em termos de prevalência de IRDA, falha na TAN, técnicas e locais da TAN e as correlações desses aspectos.
Fatores associados à redução da morbimortalidade em recém-nascidos prematuros submetidos ao protocolo de manuseio mínimo em uti neonatal
Thaise Cristina Brancher Soncini; Fabiana Martins da-Silva; Giovane Pinheiro de-Mello
OBJETIVO: Analisar se o uso de protocolos de manuseio mínimo dentro da unidade de terapia intensiva neonatal está associado a menores taxas de morbimortalidade em recém-nascidos prematuros.
MÉTODO: Estudo caso-controle na UTI de uma maternidade terciária, cujos dados coletados foram a partir de 170 prontuários eletrônicos escolhidos de forma aleatória simples, na qual os participantes eram recém-nascidos prematuros menores de 32 semanas, no período de janeiro de 2015 a janeiro de 2020. A análise estatística deu-se pelo programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). As associações entre as variáveis foram calculadas por meio do teste do qui-quadrado e prova exata de Fisher, bem como o odds ratio (OR), com seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%.
RESULTADOS: De acordo com as variáveis investigadas, em recém-nascidos submetidos ao protocolo de manuseio mínimo, houve associação estatisticamente significativa na variável óbito (OR 0,17; IC 95% 0,037-0,08; p≤0,017). Observaram-se 9 óbitos de RN que não receberam protocolos de manuseio mínimo, contra 2 mortes nos RN que receberam o protocolo. As demais variáveis não tiveram significâncias estatísticas.
CONCLUSÃO: O protocolo de manuseio mínimo contribui para a redução da taxa de mortalidade em recém-nascidos prematuros extremos, ao atuar como uma das estratégias para melhorar seus desfechos clínicos.
Aspectos clínicos e preditores associados à falha de extubação em uti pediátrica
Verônica Almeida Silva; Mariana Simões Ferreira
OBJETIVO: Identificar os principais preditivos associados à falha de extubação de lactantes e crianças extubadas eletivamente em unidade de terapia intensiva pediátrica.
MÉTODO: Estudo quantitativo, transversal e retrospectivo, de natureza descritiva e analítica. A coleta de dados foi realizada a partir de um banco de dados secundário do serviço de Fisioterapia local. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.
RESULTADOS: Foram incluídos 78 pacientes, com mediana de idade de 4,71 meses, em sua maioria do sexo masculino (52,6%). A taxa de falha de extubação na amostra estudada correspondeu a 21,8%, sendo o estridor laríngeo o fator mais frequente, com registro em 64% dos casos de falha.
CONCLUSÃO: Os participantes que utilizaram a modalidade Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada apresentaram frequência de falha de extubação significativamente maior quando comparados aos que foram ventilados em ventilação controlada a pressão (p=0.037). Não houve diferença estatística entre os grupos considerando a idade, tempo de ventilação mecânica invasiva e o não cumprimento do protocolo de extubação.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CASOS PROVÁVEIS DE DENGUE NA FAIXA ETÁRIA PEDIÁTRICA NO BRASIL DE 2018 A 2024
Tayana de Sousa Neves Viana, Camila de Araújo Simões Santos
A relação entre casos notificados de hepatite A e cobertura vacinal no Brasil: um estudo ecológico
Lucas Fornaziero; Maria Bárbara Todisco Freitas, Maria Eduarda Andrade Luciano, Lourdes Conceição Martins; Katucha Rocha de Almeida Farias; Maria Célia Cunha Ciaccia
COMPROMETIMENTO RENAL EM PACIENTES PEDIÁTRICOS INTERNADOS COM INFECÇÃO CONFIRMADA POR SARS-COV-2
Manoela Valente Costa; Nilzete Liberato Bresolin; Emanuela Rocha Carvalho
PERFIL DE CRIANÇAS DE 0-3 ANOS COM DEFICIÊNCIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO SUL DO BRASIL
Simone Sudbrack; Gabriela Martins Dalforno; Thiago Wendt Viola; Giulia de Lellis Fadel; Bruna Costa Rodrigues; Ricardo Bertinatto
Avaliação dos fatores que influenciam no volume de leite materno coletado em um hospital em Porto Alegre-RS
Patricia Amaral Vasconcellos; Mauricio Obal Colvero; Humberto Holmer Fiori
INTRODUÇÃO: O leite materno tem papel fundamental para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde da criança. O conhecimento dos fatores que interferem na produção de leite materno é necessário para melhor manejo e orientação das lactantes.
OBJETIVOS: Verificar que variáveis mais interferem na produção de leite materno. Correlacionar os medicamentos utilizados aos volumes de leite retirado.
MÉTODOS: O período de estudo foi de janeiro de 2014 a outubro de 2021. Os dados foram coletados em banco de dados de um banco de leite de um hospital de uma capital brasileira, com informações sobre volumes coletados, pré-natal, medicamentos utilizados e doenças preexistentes.
RESULTADOS: A amostra foi composta por 2.130 mães doadoras de leite materno, com média de idade de 28,9 anos. A idade materna e a presença de comorbidades demonstraram correlação com a redução de volume de leite materno produzido (p<0,001). Mães que realizaram o pré-natal retiraram volumes de leite maiores (p=0,039), bem como mães eutróficas em relação a obesas (p=0,018). O uso de medicamentos como metildopa (p<0,001) e sulfato ferroso (p=0,004) também se relacionou a um menor volume de leite retirado. Por outro lado, o uso da sulpirida promoveu um aumento no volume de leite retirado.
CONCLUSÃO: A presença de comorbidades maternas e o uso de medicações se relacionaram a uma menor retirada de volume de leite materno, ao passo que a realização de pré-natal e uso de sulpirida se relacionaram ao aumento de volume de leite materno retirado.
Diferentes medidas posturais no manejo da doença do refluxo gastroesofágico: uma síntese de evidências
Luciano Rodrigues Costa; Clarisse Pereira Dias Drumond Fortes; Débora Vieira Diniz Camargos; Hiram Silva Nascimento de Oliveira; João Victor Corrêa Reis; Caio Barroso Rosa; Marcelle Godinho Fonseca; Rafaela Leon Celivi
INTRODUÇÃO: A doença do refluxo gastroesofágico é considerada patológica em lactentes e crianças quando as manifestações clínicas ou sintomas são perturbadores em relação a frequência ou persistência do refluxo, produzindo sintomas importante e complicações. A abordagem inicial indicada em casos de doença do refluxo gastresofágico é baseada em medidas comportamentais.
OBJETIVO: Estudar as medidas posturais indicadas como tratamento da doença de refluxo gastresofágico.
MÉTODO: Revisão da literatura com pesquisa efetuada a partir da ferramenta Publish or Perish, selecionando apenas os artigos que cumpriram os critérios de inclusão escolhidos.
CONCLUSÃO: A partir das descrições encontradas na literatura revisada, a posição supina é a recomendação durante o sono, pois apesar de não apresentar melhora dos sintomas, não tem relação com aspiração. Outras posições, mesmo com a melhora dos sintomas, são relacionadas a síndrome de morte súbita do lactente.
REVISÃO DE LITERATURA: ARRITMIAS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM DOENÇA DE KAWASAKI
Maria Fernanda Trepin Granato Acciarito; Gustavo Rodrigues Prado; Vinicius Rodrigues Prado; Camila Laurindo e Silva; Luciano Rodrigues Costa
PRINCIPAIS CUIDADOS NA SALA DE PARTO E TRATAMENTO PÓS-NATAL DE RECÉM-NASCIDOS PORTADORES DE CARDIOPATIA CONGÊNITA
Nathalie Jeanne Magioli Bravo-Valenzuela; Eliane Lucas; Rafael Correia Pimentel
A eficácia do canabidiol como ferramenta de manejo clínico em crianças e adolescentes de 1 até 18 anos com síndromes epilépticas e o seu impacto na qualidade de vida: uma revisão sistemática
Luan Nascimento Lázaro; Ricardo Toshio Enohi; Brenda Cardoso; Leonardo Alexandre Ponsoni
INTRODUÇÃO: A epilepsia é uma condição neurológica comum que impacta a qualidade de vida de pacientes e suas famílias. O canabidiol (CBD) surge como uma alternativa terapêutica promissora para o tratamento da epilepsia, especialmente em crianças.
OBJETIVO: Este estudo revisa as evidências recentes sobre a eficácia do CBD na redução de crises epilépticas em crianças de 1 a 18 anos e avalia seu impacto na saúde e qualidade de vida.
FONTE DE DADOS: Foi realizada uma revisão sistemática em bases de dados como PubMed, Scielo e LILACS, resultando em 534 artigos, dos quais 6 foram selecionados após critérios rigorosos de inclusão, como o tipo de canabidiol utilizado, a idade dos participantes do estudo e a necessidade de avaliar desfechos de uma qualidade de vida durante e após o tratamento.
SÍNTESE DOS DADOS: Os resultados mostram que o CBD é eficaz na redução da frequência de crises epilépticas, com mais de 75,0% dos pacientes resistentes a tratamentos convencionais apresentando diminuição nas crises. Além disso, 11,9% dos pacientes alcançaram liberdade de crises após um acompanhamento médio de 20 meses, com melhorias na qualidade do sono observadas.
CONCLUSÃO: As evidências sugerem que o CBD pode ser uma opção terapêutica valiosa para a epilepsia pediátrica. Contudo, mais pesquisas são necessárias para entender os mecanismos de ação, a segurança e as implicações clínicas do canabidiol no tratamento de crianças com epilepsia.
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